Dante Freire de Abreu Viana

Sobre Dante Freire de Abreu Viana/About Dante Freire de Abreu Viana

(Português): Dante Freire de Abreu Viana é um negro transmasculino, 30 anos, artista visual, residente em Salvador, Bahia. Sua vida começou em Caculé, pequena cidade do sudoeste da Bahia, onde seus pais cresceram. Caculé é uma cidade com pouco menos de 30 mil habitantes, cercada por vegetação semiárida e a 12 horas de distância da capital Salvador. Atualmente, Dante está iniciando Artes Visuais na Universidade Federal da Bahia (UFBA), ao mesmo tempo em que desenvolve seu trabalho como artista visual, curador, tradutor, arquivista e assistente de gestão.

Seu grande motivação no campo das artes visuais vem desde muito jovem, quando era fascinado pelo mundo do cinema, pelas experiências artísticas que produziu na infância e principalmente pelo interesse por efeitos práticos, maquiagem e bastidores dos filmes de terror que assistiu. Diante de seu processo de identificação artística e inspirado em horrores reais, recorreu às artes visuais, especialmente à pintura, como ferramenta para descrever a inquietação de um corpo trans e negro no mundo.

Participou da primeira exposição queer no Museu de Arte da Bahia, enquanto estudava português e inglês na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e trabalhava como tradutor e intérprete em projetos de pesquisa universitária. Nessa época, morou também nas cidades de São José dos Campos, no interior de São Paulo, e no Rio de Janeiro. Vivenciar perspectivas de diferentes estados enriqueceu seu ponto de vista no sentido de criar vínculos e abrir portas para a compreensão de sua participação na comunidade artística, especialmente como homem transmasculino e negro.

Alinhado com os propósitos que consolidou através da arte, ligou-se ao Arquivo Atlântico em 2021 durante o projeto “Mochileiros Arquivistas”, que teve um papel essencial no direcionamento dos seus ideais. Trabalhando como arquivista, conseguiu abrir seus horizontes quanto ao papel do tempo presente na preservação das memórias ancestrais e no futuro da história negra. Durante seu trabalho com o Arquivo Atlântico, pôde acessar memórias fotográficas, artísticas e históricas da comunidade negra, compreendendo a importância das ferramentas de luta, do ativismo e da criação de estratégias para a preservação da história não contada.

Desenvolveu projetos documentais focados na experiência negra e no diálogo transnacional entre Brasil e Estados Unidos, participando também da curadoria da primeira exposição do Arquivo Atlântico na cidade de Salvador, Bahia. Atuando como subgerente, conseguiu se aprofundar nas estratégias de engajamento e visibilidade, para possibilitar cada vez mais o potencial artístico negro da comunidade local acessar espaços que lhes foram negados.

Atualmente, seu principal objetivo é perseguir o objetivo de não apenas ocupar espaços com sua arte, mas também tornar-se curador e colecionador, criando uma ponte para que outros artistas do estado da Bahia possam colaborar através da criação de projetos artísticos, curadoria ou assistência. no que diz respeito à orientação de editais e residências artísticas, com ênfase na comunidade negro transmasculino.

(English): Dante Freire de Abreu Viana is a 30-year-old black transmasculine, visual artist, resident of Salvador, Bahia. His life began in Caculé, a small city in southwest of Bahia, where his parents grew up. Caculé is a town of just under 30,000 inhabitants, surrounded by semi-arid vegetation and 12 hours away from the capital Salvador. Currently, Dante is starting Visual Arts at Federal University of Bahia (UFBA), while developing his work as a visual artist, curator, translator, archivist and assistant manager.

His great motivation in the field of visual arts comes from a young age, when he was fascinated by the world of movies, by the artistic experiences he produced in his childhood and especially by his interest in practical effects, make-up and behind the scenes of the horror movies he watched. Faced with his process of artistic identification and inspired by real horrors, he turned to the visual arts, especially painting, as a tool to describe the restlessness of a trans and black body in the world. He participated in the first queer exhibition at the Bahia Museum of Art, while studying Portuguese and English at the Federal University of Bahia (UFBA) and working as a translator and interpreter for university research projects.

During this time, he also lived in the cities of São José dos Campos, in the interior of São Paulo, and in Rio de Janeiro. Experiencing perspectives from different states has enriched his point of view in terms of creating bonds and opening doors for understanding their participation in the artistic community, especially as transmasculine and black man.

Aligned with the purposes he consolidated through art, he connected with the Atlantic Archives in 2021 during "Mochileiros Arquivistas" project, which played an essential role in directing his ideals. Working as an archivist, he was able to open his horizons regarding the role of the present time in the preservation of ancestral memories and the future of black history. During his work with Atlantic Archives, he was able to access photographic, artistic and historical memories of the black community, understanding the importance of tools of struggle, activism and the creation of strategies for the preservation of the untold history.

He developed documentary projects focused on black experience and transnational dialogue between Brazil and the United States, also participating in the curatorship of the first Atlantic Archives exhibition in the city of Salvador, Bahia. Acting as assistant manager, he was able to delve into the strategies of engagement and visibility, to make it increasingly possible for the black artistic potential of the local community to access spaces that they have been denied.

Currently, his main objective is to pursue the goal of not only occupying spaces with his art, but also becoming a curator and collector, creating a bridge for other artists in the state of Bahia to collaborate through the creation of artistic projects, curatorship or assistance with regard to guidance for public notices and artistic residencies, with an emphasis on the black transmasculine community.